Brasil perde ouro no vôlei de praia e deixa de ganhar medalha no taekwondo por detalhes. Bolt vence mais uma e avisa: ‘Sou uma lenda’
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Alison e Emanuel exibem medalha de prata emLondres (Foto: Reuters)
Há detalhes que valem quatro anos. Para o bem e para o mal. Nesta quinta-feira, foi para o mal – pensando no nosso umbigo brasileiro, claro. Pequenos detalhes tiraram Diogo Silva primeiro da final, depois do pódio. Pequenos detalhes transformaram em prata o ouro que parecia reluzir para Alison e Emanuel. Quase.
Mas também há detalhes que são grandes demais para esconder. Usain Bolt voltou a ganhar. Com tempo de sobra. Já era bicampeão nos 100m, e agora é nos 200m. E a seleção feminina de vôlei também escancarou superioridade. Encontrou espaço para dar, vender e emprestar na quadra adversária: 3 sets a 0 sobre o Japão e vaga na final.
Bolt pede silêncio no instante em que cruza linha de chegada dos 200m (Foto: Agência Reuters)
No último segundo, Diogo Silva leva golpe deamericano e perde bronze (Foto: Alberto Pizzoli/AFP)
Nela, os detalhes voltaram a prevalecer. Nenhum dos atletas pontuou. A decisão caiu no colo da subjetividade dos árbitros. Eles teriam que analisar os prós e contras de cada um e indicar quem merecia vaga na final. E optaram pelo iraniano. Uma injustiça, na visão do brasileiro, que adotou uma espécie de protesto sócio-político para questionar a decisão.
saiba mais
- O Irã dá até petróleo para ele (Motamed). Toda fonte de recursos de
lá vai para o taekwondo. Lutei contra o Neymar, praticamente. Foi o
árbitro que tomou a decisão. Não perdi a luta. Numa semifinal de Jogos
Olímpicos, seria melhor o árbitro rever, analisar melhor e não tomar a
decisão com emoção. (…) Estamos falando de astros e operários. Eu sou
operário. Ele tem investimento comparável a Michael Phelps, a LeBron
James. Eu tenho investimento comparável a atleta de categoria de base.
Talvez um dia poderemos competir de astro para astro.- Dia 1: somos um país de chorões
- Dia 2: morte e vida severina para o Brasil
- Dia 3: a solidão de uma atleta em prantos
- Dia 4: o peso da alma de Michael Phelps
- Dia 5: metade cheio ou metade vazio
- Dia 6: Mayra, uma adolescente olímpica
- Dia 7: Cesar Cielo volta a ser criança
- Dia 8: Oscar Pistorius é inverossímil
- Dia 9: sem esperança contra Bolt
- Dia 10: um rapaz latino-americano
- Dia 11: o feitiço do tempo de Sheilla
- Dia 12: faces diferentes da rivalidade
Restou a luta pelo bronze para Diogo. E detalhes que sequer podem ser contados em um estalar de dedos, de tão rápidos, foram decisivos. O brasileiro acertou um golpe no americano Terrence Jennings quando a luta se encaminhava para o final, novamente com empate. Era esperar o golden score mais uma vez. Ou não. Faltando menos de um segundo, o adversário atingiu a cabeça do paulista. Repitamos: faltava menos de um segundo. Foi no exato instante em que o cronômetro migrou do um para o zero. Naquele triz, Diogo perdeu a medalha.
Brasileiro voa contra americano e consegue empate, mas perde por detalhe (Foto: Agência AFP)- Eu tenho quase certeza de que o placar tinha zerado (antes do golpe final). Eu não vi a luta em câmera lenta, mas eu tenho certeza que o placar tinha zerado. Os pontos só podem ser dados ao final do primeiro e do segundo round, é uma regra mundial. Eles mudaram só para os Jogos Olímpicos. Eu acho que você tem que ter poder político. Nosso esporte não tem poder político – disse ele ao SporTV.
O ouro ficou com o turco Servet Tazeguil. Mohammed Bagheri Motamed levou a prata.
Por centímetros
Alguém teria que vencer. E vencer por detalhes, por muito pouco, por centímetros. Alison e Emanuel deram provas, ao longo dos Jogos, de que eram uma dupla muito, muito, muito forte. Mas os alemães Brink e Reckermann, campeões mundiais em 2009, ofereceram os mesmos avisos. Por exemplo: eliminaram Ricardo e Pedro Cunha nas quartas de final.
Foi tão equilibrado quanto poderia ser. No primeiro set, vitória dos alemães – 23/21; no segundo, troco dos brasileiros – 21/16. Tie-break. E um sofrimento danado…
Alison e Emanuel começaram melhor o set final. Mas os adversários reagiram. E abriram vantagem. Tudo parecia perdido quando eles alcançaram 14 a 11. Mas a dupla brasileira salvou o primeiro match-point. E o segundo. E o terceiro. Incrível: 14 a 14.
Quando bateu o otimismo, veio a queda. Os dois pontos seguintes foram dos alemães. O último foi um ataque para fora de Emanuel. Por centímetros. Por detalhes. Enquanto os alemães comemoravam, eufóricos, os brasileiros olhavam para a marca da bola na areia, alegando que tinha sido dentro. Mas não foi. Por alguns grãos, não foi.
Alison aponta para a marca da bola, alegando que foi dentro. Em vão... (Foto: Agência Reuters)
Bolt pega máquina de fotógrafo e faz imagens deBlake após ganhar outro ouro (Foto: Reuters)
Bolt é o primeiro homem na história a conquistar dois títulos seguidos nos 100m e nos 200m. Não ter quebrado os recordes mundial e olímpico não é grande problema: as marcas anteriores são dele mesmo. O fenômeno venceu com 19s32. E viu dois compatriotas chegarem pouco depois dele. Seu maior concorrente, Yohan Blake, ficou com a prata, com 19s44. Warren Weir foi bronze, com 19s84.
No sábado, Bolt buscará seu sexto ouro – o terceiro em Londres. Mas a vitória nos 4x100m será apenas enfeite. Ele já conseguiu o que queria, como disse depois de fazer flexões, brincar com o público e tirar fotos de Blake com uma máquina tomada emprestada de um jornalista:
- Agora eu sou uma lenda.
Por uma imensidão
Brasil faz grande partida e supera Japão por 3 a 0(Foto: Agência Reuters)
Venceram por uma imensidão. As parciais escancaram a superioridade: 25/18, 25/15, 25/18. Fabiana e Sheilla foram as maiores pontuadoras da partida – 13 cada, seguidas por Thaisa, com 12, quatro deles de bloqueio.
A final será sábado. E contra o osso mais duro de roer. Os Estados Unidos chegaram lá ao fazer 3 sets a 0 na Coreia do Sul – parciais de 25/20, 25/22 e 25/22. Hooker, a craque do time, fez 24 pontos. Quase um set inteiro…
Resultados dos brasileiros
Poliana Okimoto tem hipotermia e não completa prova da maratona aquática (Foto: Satiro Sodré / Agif)No atletismo, o Brasil avançou à final dos 4x100m para mulheres. A equipe verde-amarela, formada por Ana Cláudia Silva, Franciela Krasucki, Evelyn Carolina e Rosângela Santos, terminou em quarto na primeira bateria e avançou para a decisão com o sexto melhor tempo do dia - 42s55. As mais rápidas foram as americanas, com 41s64.
No decatlo, Luiz Alberto de Araújo não teve bom desempenho nas três provas que disputou na manhã desta quinta-feira e caiu para a 17ª colocação geral. Ao fim do dia, perdeu mais um pouco de espaço e encerrou sua participação em 19º. O ouro foi para o americano Ashton Eaton.
O dia também apresentou brasileiros na canoagem. Erlon Silva e Ronilson Oliveira disputaram a final B da categoria C2 (canoa para duas pessoas) de 1.000m, ficaram em segundo e, assim, fecharam sua participação nos Jogos de Londres com a décima colocação.
O país do futebol (feminino)
Carli Lloyd faz dois gols e dá medalha de ouro aosEUA no futebol (Foto: Agência Reuters)
A potência olímpica também está na final do basquete feminino. Favoritas ao título, as americanas bateram a Austrália por 86 a 73 e agora pegam a França, que fez 81 a 64 na Rússia. A decisão será no sábado.
No handebol, a Noruega, algoz do Brasil nas quartas de final, bateu a Coreia do Sul por 31 a 25 e garantiu vaga na final. As atuais campeãs olímpicas e mundiais defenderão seu reinado contra Montenegro, que bateu a Espanha por 27 a 26. O ouro será decidido no sábado.
Ofentse Mogawane é atendido após queda(Foto: Agência Getty Images)
Nos 800m, o queniano David Rudisha se superou. Com 1m40s91, conquistou o ouro e bateu sua marca anterior, o antigo recorde mundial, que era de 1m41s01. Campeão do mundo na distância, o atleta de 23 anos é filho de Daniel Rudisha, um corredor de 400m que levou a medalha de prata nos Jogos de 1968, na Cidade do México.
Foi um ouro batizado por um padre. Rudisha despertou a atenção do religioso irlandês Colm O´Connell quando tinha 14 anos e participava de uma competição escolar de 200m. O garoto, saído de uma tribo em que as pessoas vivem em pequenas cabanas feitas de esterco de vaca e estacas de madeira, foi convidado pelo padre a participar de um treinamento especial em um dos 120 campings criados por ele no Quênia. Não poderia ter dado mais certo.
David Rudisha crava 1m40s91 e bate o próprio recorde em Londres (Foto: Reuters)
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